Se no começo deste século, Honda e Toyota viviam sozinhas em seu habitat com o CR-V e RAV-4, respectivamente, uma década depois, a disputa se encontra muito mais acirrada com a presença dos igualmente asiáticos, mas de origem sul-coreana Kia Sportage e Hyundai iX35. A verdade, no entanto, é que os pioneiros de origem japonesa ainda geram muita procura por aqueles que não colocam o modismo como fator principal na lista dos motivos de compra.
Tanto o CR-V como RAV-4 já consolidaram seu espaço no mercado. Há cerca de dez anos, chegaram em suas versões 4x4, ainda como uma alternativa para quem queria um utilitário urbano com aspiração off road. Anos mais tarde e diversas mudanças no perfil do consumidor e no trânsito urbano depois, seus fabricantes decidiram comercializar suas configurações 4x2 no Brasil.
A Honda teve a sacada primeiro e, em 2008, trocou o Japão pelo México para importar o 4x2 americano. Com isso, a versão de entrada, mais barata, fez as vendas do modelo saltarem. Em 2010, a Honda fechou com 18.743 unidades do CR-V, enquanto a Toyota amargou com apenas 1.947 modelos do RAV-4. No final do ano, no entanto, a linha 2011 do SUV da Toyota passou a contar com a opção 4x2, mais em conta. O lançamento já começou a mostrar influência positiva na média comercial do veículo.
Os dois quase empatam na oferta de equipamentos: airbag duplo, freios ABS, trio elétrico, CD player com MP3, rodas de liga leve de 17 polegadas, controle de velocidade, direção elétrica e bancos revestidos de tecido. O RAV-4 agrega faróis de neblina, retrovisores externos com luz de mudança de seta e ar-condicionado dual zone automático, enquanto o CR-V traz sistema manual.
No resumo dos carros, a aparência, o espaço e a forma de dirigir são de utilitário, o conforto e o acabamento são equivalentes aos de um sedã e o comportamento mecânico... Bom, este é um dos principais fatores que desempata este comparativo. Em que você aposta? Honda CR-V LX, por R$ 85.700, ou Toyora RAV-4, por R$ 92.500?
Campeão de vendas, mas com desempenho inferior
Best seller na lista dos modelos da Honda, não é difícil se deparar com um CR-V pelas ruas, afinal, ele só ficou atrás do Hyundai Tucson e do Mitsubishi Pajero em vendas, no ano passado. Atributos ele tem: design atraente, consumo moderado, espaço e conforto. Falta, no entanto, conjunto mecânico para acompanhar esta lista de predicados.
O CR-V traz sob o capô um motor de 2,0 litros SOHC i-VTEC 16V de 150 cv e 19,4 mkgf de torque. Associado a ele há um câmbio automático de cinco velocidades. O bloco não tem força suficiente para carregar o utilitário, principalmente em ladeiras e em ultrapassagens na estrada, enquanto o câmbio parece se perder em meio às mudanças de velocidade. A impressão que se tem é que o carro está sempre se esforçando para embalar, mesmo quando carrega apenas o motorista.
O trunfo do CR-V está no espaço a bordo. O assoalho plano, tanto no local onde normalmente fica o câmbio (este está no painel), como na parte traseira, garante espaço suficiente para cinco passageiros viajarem sem nenhum aperto. No porta-malas, 524 litros, sendo que o espaço pode ser dividido por uma cobertura rígida, de acordo com a necessidade do motorista.
Na lanterna, mas com conjunto mecânico em sintonia
O desenho conservador perto dos atuais concorrentes e a falta de mimos para cativar os passageiros são fatores que podem deixar o modelo atrás não só do CR-V, mas de diversos rivais no segmento. O mérito do SUV da Toyota, no entanto, vai além do visual e se encontra no desempenho do modelo.
O motor de 2,4 litros 16v VVT-I de 170 cv e 22,8 mkgf surpreende o motorista, já que, em função de ter maiores dimensões que o concorrente, dá a impressão de ser mais lento. Engano. O RAV-4 tem potência e força para arrancar e embalar numa rodovia e suavidade para trafegar no anda e para dos congestionamentos. Há um fina sintonia entre motor e câmbio no modelo da Toyota.
Assim como o CR-V, o RAV-4 não deixa a desejar quando o assunto é espaço. No bagageiro vão 540 litros. O único porém fica por conta da abertura do porta-malas. A porta, que carrega o estepe, abre horizontalmente. Ou seja, é preciso mais espaço atrás do carro para ter acesso completo ao compartimento. Os bancos podem ser rebatidos por inteiro, criando uma superfície plana em toda a parte traseira.
Veredicto de Anelisa Lopes - travamento automático para as portas e sensor de estacionamento são exemplos de exigências da vida moderna que não podem ser meramente descartadas em um segmento tão competitivo. Apesar de tratarem os passageiros com esmero, os dois utilitários já parecem ter ficado em algum momento da história frente aos concorrentes sul-coreanos. A expectativa é que em um curto prazo de tempo, tanto a Toyota como a Honda mostrem novas gerações para seus SUV´s.
Enquanto isso não acontece, vale apostar na confiabilidade das marcas. A Honda sai na frente no número de unidades vendidas, mas a Toyota ganha no conjunto espaço, conforto, dirigibilidade e desempenho. Com esse pacote, o cliente ficará mais satisfeito a bordo do RAV-4.
Nenhum comentário:
Postar um comentário