
Pequenas atitudes ao dirigir podem reduzir o consumo e a emissão de poluentes.
A busca por motores mais eficientes é, sem dúvida, a obsessão da indústria automobilística na atualidade. Principalmente na Europa, com leis de emissões severas, as montadoras desenvolvem propulsores, sistemas e outros equipamentos em busca de consumo mais baixo e poluição igualmente reduzida. Nessa briga, o modo de conduzir um carro pode fazer a diferença. São pequenos detalhes que muitas vezes passam despercebidos do motorista no cotidiano e que envolvem combustível confiável e manutenção correta do veículo. Mas que dependem especialmente do uso inteligente do pedal do acelerador.
O ponto de partida, sem trocadilhos, é justamente a aceleração e a frenagem. Ou seja, o ideal é um rodar suave para demandar menos energia do motor. Na hora de arrancadas, dosar o pé no pedal sem acelerar em demasia é quase uma regra. Depois, fazer as mudanças sem esticar muito as marchas. Procedimentos que podem fazer o carro beber de 5% a 10% menos, em média. "É bom tomar o cuidado para não deixar a rotação subir muito. O ideal é trocar entre 2 mil e 3 mil rpm, porque quanto mais o motor gira, mais combustões por minuto", explica Marcio Melhorança, supervisor de engenharia da Renault.
Em velocidades de cruzeiro ou constantes, por sua vez, o funcionamento linear do motor contribui para um consumo mais moderado. Especialistas, porém, alertam que o ideal é verificar no manual do proprietário em quantos giros o motor do veículo atinge o seu torque máximo. E tentar manter o funcionamento do motor sempre nessa faixa de rotações ou próxima dela. Sempre evitando reduzidas ou retomadas bruscas.
"É o ponto de equilíbrio do motor, que propicia o menor consumo específico", garante José Fernando Penteado, colaborador do Comitê de Veículos Leves da SAE – Sociedade de Engenheiros da Mobilidade.
Nas subidas, a mesma receita de bolo. Perceber em qual rotação o modelo rende sem a necessidade de ficar reduzindo a todo instante a marcha para ganhar mais força. Em uma ladeira, é melhor acelerar antes do início da subida. "É importante para não ter de pisar forte no acelerador no meio do aclive", alerta Carlos Henrique Ferreira, consultor técnico da Fiat. E, mesmo em estradas, ainda é possível conseguir uns trocados a mais no bolso na hora de abastecer. Em vias onde o limite é 120 km/h, uma redução para uma velocidade de cruzeiro para 110 km/h pode significar até 8% de economia, já que a resistência aerodinâmica aumenta ao quadrado da velocidade. "Quanto mais veloz, mais energia se desperdiça para o carro cortar o ar na estrada", ressalta Penteado.
A "suavidade" do rodar, tão enaltecida pelos especialistas, também diz respeito ao freio. Quanto mais força na freada, maior o desperdício de energia do propulsor. Ou seja, na iminência de uma parada, nada como tirar o pé do acelerador e, com o carro engrenado, começar a diminuir a velocidade do carro "naturalmente".
"As pessoas dirigem sem ver o carro à frente. Aceleram, aceleram e freiam em cima. Se o motorista está a 100 m de um semáforo fechado, para que acelerar mais?", questiona Nilton Monteiro, diretor Técnico da AEA – Associação de Engenharia Automotiva.
Ao mesmo tempo, a frenagem brusca sem necessidade significa, além de mais energia desprendida pelo conjunto, maior demora para o motor voltar a "embalar". "A pastilha leva mais tempo para se separar do disco", explica Melhorança, da Renault. "Quando se diminui bruscamente a velocidade, necessita de mais força para retomar a velocidade", faz coro Paulo Roberto Garbossa, consultor da ADK Automotive.
Outros maus hábitos também intensificam o consumo. Aquele pé "descansando" no pedal da embreagem com o carro parado também é outro vilão. "Além de gastar a embreagem, gasta combustível. O pé na embreagem, mesmo de leve, pode acionar o sistema da embreagem, o que requer energia e um gasto maior", pondera Monteiro, da AEA.
Instantâneas
# A 120 km/h, a força que atua contra o carro é quatro vezes maior do que quando o carro está a 60 km/h.
# Cx é a sigla para coeficiente de arrasto, número que mede a resistência do ar exercida sobre um objeto. A redução do Cx de um automóvel em 0,01 pode significar 90 metros a mais de autonomia.
# Os Fiat Palio e Mille ganharam versões com econômetro, um sinalizador com ponteiro no quadro de instrumentos que indica a condição mais econômica de condução do carro. O Mille, aliás, passou a vir desde o ano passado com um pequeno manual com dicas para economizar combustível no dia a dia.
# Deixar o carro ligado por alguns minutos parado antes de arrancar, segundo especialistas, é outro mito, pois o propulsor se aquece de forma muito mais devagar, aumentando consumos e emissões.
# A 80 km/h em cruzeiro, um carro com vidros abertos passa a consumir o mesmo ou mais que um veículo com janelas fechadas e com o ar-condicionado ligado na mesma velocidade.
# A DPaschoal promove regularmente o Pit Stop Verde, programa que orienta os motoristas, por meio de palestras, sobre medidas simples e eficazes que reduzem custos de pneus e consumo e que ajudam a preservar o meio ambiente
Manutenção vital
Os engenheiros de plantão chamam a atenção para alguns hábitos ao volante, mas não se esquecem de bater na tecla da manutenção do veículo para garantir bons níveis de consumo de combustível. Além de obedecer as revisões previstas no manual do proprietário, o próprio motorista pode verificar e estar atento a diversos componentes que influenciam no consumo.
Filtros de ar e de óleo, assim como velas, merecem sempre uma vistoria periódica. "O filtro de ar sujo, por exemplo, vai dificultar o motor em aspirar aquele ar e consumir energia", lembra Marcio Melhorança, supervisor de Engenharia da Renault.
Os pneus, obviamente, também interferem no consumo. A calibragem é um item importante. A cada 2.9 libras a menos do recomendado pelo fabricante, além de se reduzir a vida útil do pneu em 10%, aumenta o consumo do carro em até 2%. As medidas fora das especificações do fabricante são outro problema. "Aumentar a banda de rodagem, por exemplo, acarreta em maior esforço de rolagem e maior consumo", alerta Eliel Bartels, supervisor técnico da DPaschoal.
Dicas para otimizar a eficiência do motor do automóvel
# Acelerar sempre de forma suave e evitar pisadas muito fortes no acelerador.
# Não esticar demais as marchas e priorizar as marchas longas.
# Procurar rodar próximo dos giros do torque máximo do motor especificado no manual do proprietário.
# Evitar freadas bruscas; se possível,desacelerar com o carro engrenado para diminuir a velocidade antes de parar.
# Nas subidas, procurar manter o propulsor em uma faixa de rotação uniforme, para evitar reduzidas constantes de marcha.
# Acelerar bem antes de subir aclives para evitar acelerações no meio da subida.
# Nas descidas, manter uma velocidade que minimize o uso dos freios.
# Verificar a pressão correta dos pneus especificada no manual.
# Usar pneus e rodas de medidas recomendadas pelo fabricante.
# Evitar colocar bagageiro no teto, para-choques de impulsão, aerofólios e quebra-matos não originais que podem comprometer o coeficiente de arrasto do carro.
# Fazer a manutenção periódica do veículo e as revisões previstas no manual do proprietário.
# Trocar sempre que necessário filtros de ar e óleo.
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