


Produtos automotivos ganham espaço com recorde de vendas de veículos.
Empresas nacionais brigam por qualidade para competir com chineses.
Os seguidos recordes de vendas da indústria automobilística nacional têm incrementado as gôndolas de supermercados com itens específicos para carros. Com o aumento da frota circulante, os produtos básicos para limpeza e manutenção ganham cada vez mais espaço nas prateleiras. Diante do apelo comercial, quem deve ficar atento é o consumidor, para não levar para casa produtos que vão acabar no armário pela falta de uso.
De acordo com o coordenador de serviços automotivos do Instituto da Qualidade Automotiva (IQA), José Palacio, consultado pelo G1, o kit básico para cuidar do carro — sem precisar da ajuda de um lava-rápido — deve conter: cera neutra para pintura, silicone para limpeza de painéis plásticos, ‘pretinho’ para os pneus, silicone para as partes plásticas, xampu, solvente neutro, estopa macia e limpa para-brisa.
“É recomendável usar produtos de marcas conhecidas, pois se não forem de boa qualidade, danificam o carro. É o caso da cera, que pode manchar a pintura, e do silicone, que se tiver excesso de álcool resseca o painel. E, pior, você não vê na hora”, observa Palacio.
Segundo ele, a cera deve ser manipulada na sombra e com uma estopa macia. “Mesmo as de boa qualidade, se forem usadas no sol, mancham porque a lataria fica muito quente”, diz. O especialista ressalta que a cera só deve ser aplicada de seis em seis meses, no mínimo, para não agredir a pintura.
Sobre o estofamento, Palacio recomenda limpar com xampu específico ou com espuma de lavagem a seco, caso for de tecido. Em bancos de couro, ele aconselha a limpeza apenas com um pano limpo com água e são ou produtos ‘multiuso’. “Não se deve passar nos bancos de couro nem o silicone e muito menos lustra móveis, como muita gente faz. O assento é um item de segurança e qualquer produto que se passa no banco acaba deixando-o escorregadio. Em uma frenagem brusca, o corpo se desloca”, ressalta Palacio.
Para tirar piche grudado na lataria, o coordenador do IQA recomenda solvente neutro. “Não pode ser querosene”, alerta. Já o uso do ‘pretinho’, produto que protege o pneu, deve ser usado em pequenas quantidades. “O pretinho é importante, mas se passar demais ele vai espirrar e grudar na roda e na pintura”, afirma.
Entre todos estes cuidados, ao levar em conta a questão da segurança, o item mais importante é o xampu de para-brisa. Como ele desengordura o vidro, ajuda a deslizar as palhetas do limpador. “Se o vidro está muito sujo e não há este produto no compartimento de água, o vidro embaça, o que é muito perigoso”, destaca o especialista. Segundo ele, o uso de detergente resseca a borracha das palhetas, por isso não é recomendável.
Em relação a todos os produtos, José Palacio aconselha a não deixar nenhum dentro do carro, pois podem ter substâncias inflamáveis. “A temperatura dentro de um carro fechado pode chegar a 50°C”, alerta.
Aumento das vendas atrai até montadoras
De carro novo e poder aquisitivo maior, o brasileiro tem se dedicado cada vez mais aos itens automotivos. A constatação é do gerente de compras do Grupo Pão de Açúcar, Marcos Betelli, que registrou crescimento de 40% no setor automotivo da rede Extra. Betelli destaca que a projeção para este ano é de expansão de 30%. "Somente no primeiro trimestre as vendas subiram 40%", afirma Betelli.
Sobre o mix de vendas, o gerente do Grupo Pão de Açúcar destaca que, no ano passado, 45% foi de pneus, 25% de produtos de limpeza e 30% de baterias, óleos e lubrificantes. Para este ano, o mix deverá ficar em 32% para pneus, 15% para produtos de limpeza e 20% para óleos e lubrificantes. Dentro do segmento de limpeza, Betelli ressalta que os produtos mais procurados são os aromatizantes para ambientes, conhecidos por "cheirinho". "É o item que mais cresce em vendas", destaca o gerente de compras.
A expansão do mercado de produtos específicos para limpeza e manutenção de veículos tem forçado as fabricantes nacionais a investir em tecnologia e se profissionalizarem cada vez mais. O avanço é uma resposta à entrada de produtos chineses. “O brasileiro é apaixonado por carros, até porque o automóvel faz parte do patrimônio da família. Então, a qualidade é muito importante”, afirma o gerente nacional de vendas da Rodabrill, Mário Menegatti Júnior.
No Brasil, há dez grandes fabricantes neste segmento, sendo que cinco se concentram no estado de São Paulo. Entre elas está a Rodabrill, que viu seu faturamento crescer 25% em 2009 na comparação com os resultados de 2008. Para este ano, a expectativa é aumentar em mais 25% o faturamento. “Acabamos de lançar um aromatizante novo e acreditamos que as vendas vão subir 50%”, avalia Menegatti Júnior.
E a aposta da Rodabrill está nos supermercados. De acordo com o gerente de vendas, 30% do faturamento é oriundo de canais automotivos, como postos de combustíveis e lava-rápidos. Os outros 70% vem dos supermercados. “Os supermercados se dedicam cada vez mais ao mercado automotivo, porque este tipo de produto tem margem de lucro maior do que a do arroz, por exemplo”, destaca Menegatti Júnior.
No campo de aromatizantes, a empresa apostou em fragrâncias específicas para o consumidor brasileiro. “As chinesas não agradam tanto os clientes no Brasil”, observa sobre a vantagem diante da concorrência. Já os produtos oriundos dos Estados Unidos perdem a competitividade pela restrição de acesso à compra. “Eles normalmente são vendidos em canais específicos, como telefone e televenda”, explica o gerente.
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